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terça-feira, 5 de março de 2013

Mistura de ozono no tratamento da hérnia discal

Paciente é submetido ao tratamento
 com o ozono durante uma TAC
Este tratamento pode ser realizado em pacientes com queixas de dor na coluna (com ou sem irradiação ao braço ou à perna), sem melhoria ao longo do tempo, com fraca resposta ao tratamento farmacológico e também naqueles que já foram operados.

Os doentes ficam internados durante um dia, recuperam mais rapidamente e não necessitam de anestesia geral, nem de remover o disco (estrutura flexível, localizada entre os corpos das vértebras, que atua como uma almofada protetora, permitindo os movimentos), como na cirurgia convencional. De acordo com vários estudos publicados, a taxa de sucesso varia entre 75% a 80%. E não impede a cirurgia, caso seja mesmo necessária.
"A técnica é feita sob controlo por imagem. Observo onde está a hérnia, delimito um trajeto e, após anestesia cutânea local, realizo a punção do disco com uma agulha fina. O ozono promove uma "digestão" do núcleo polposo do disco, que reduz de tamanho e/ou retorna à localização original, deixando de exercer pressão sobre as raízes nervosas e o doente deixa de ter dor", diz Pedro Nunnes, especialista em técnicas de intervenção minimamente invasivas na coluna do Hospital da Lapa.

"REPOUSO ABSOLUTO DURANTE 20 HORAS": Pedro Nunnes, Neurorradiologista Hospital da Lapa

Correio da Manhã - Este tratamento é para todas as hérnias?


Pedro Nunnes - Só para a doença dos discos intervertebrais. Na grande maioria dos casos, a dor nas costas é secundária a hérnias discais, com maior prevalência nos adultos de meia idade.

- Quais são as vantagens?

- Trata-se de um procedimento sem anestesia geral (aliás o doente deve estar acordado para se ter a certeza de onde passa o nervo comprimido), em que não se extrai o disco e o doente recupera mais depressa. O ozono também tem propriedades anti-inflamatórias e antisséticas (não há um registo mundial de infeção após esta intervenção).

- Como é a recuperação?

- Após o procedimento, o doente fica em repouso absoluto entre 20 a 24 horas. Já em casa mantém o repouso e atividades físicas menos intempestivas. Se não tiver dor, retorna à vida normal.

- É o único neurorradiologista no Norte a usar este procedimento. Quantos doentes já tratou?

- Já tratei algumas dezenas. E há um grupo de pacientes que já foram operados e têm dores. Fizeram este procedimento e os resultados têm sido animadores.


"FOI RÁPIDO, FÁCIL E INDOLOR"

‘Manuel' tem 60 anos, vive no Grande Porto, onde trabalhou como administrativo. Em maio de 2012 começou a sentir as primeiras dores nas costas. "Ia pela perna até ao dedo do pé. Era uma dor intensa, tão incomodativa que nesse fim de semana fui a um hospital privado. Fizeram--me uma TAC e uma ressonância magnética, identificaram o problema (hérnia discal lombar) e disseram que teria de ser operado", contou ao CM.

Com receio da operação, consultou o médico de família, que lhe receitou anti-inflamatórios e analgésicos. A dor melhorou, mas voltou a piorar. "Voltou a apertar até ser insuportável, especialmente a conduzir. Voltei ao meu médico que me falou do doutor Pedro Nunnes e das novas técnicas e que podia evitar a cirurgia", diz. Foi a uma consulta e agendou-se a intervenção. "Já durante o procedimento, senti que a dor estava a aliviar. No dia seguinte saí do hospital. Deixei de tomar medicação, estive quatro dias resguardado e depois voltei à minha vida normal. Tiraram-me um incômodo sem passar pela cirurgia. Foi rápido e indolor", conclui.

PERFIL

‘Manuel', tem 60 anos e reside na Área Metropolitana do Porto. Está reformado mas trabalhou como administrativo, o que terá contribuído para uma má postura. Foi a uma primeira consulta em julho e fez o tratamento no mês seguinte.

Fonte: CMJornal

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